Escrito por (Lucas, capítulo 12º, versículos 6 a 21) 13 Alguém da multidão lhe disse: "Mestre, dize a meu irmão que divida a herança comigo". 14 Respondeu Jesus: "Homem, quem me designou juiz ou árbitro entre vocês?" 15 Então lhes disse: "Cuidado! Fiquem de sobreaviso contra todo tipo de ganância; a vida de um homem não consiste na quantidade dos seus bens". Então lhes contou esta parábola: "A terra de certo homem rico produziu muito. Havia um homem muito rico, que possuía muitas terras. Centenas de escravos trabalhavam nelas.
Grandes e muitas eram as plantações de trigo. Muito bem preparados eram também os campos em que os escravos cuidavam da cultura do centeio, da cevada e da ervilhaca. Os vinhedos se estendiam pela planície imensa. E os pastos verdes, onde os rebanhos se multiplicavam, iam até as montanhas distantes...
E cada vez mais o homem se enriquecia. Exportava seus produtos para os países vizinhos. Os mercadores de Tiro, de Sidon, de Esmirna e de Damasco estavam sempre em sua casa, realizando e combinando grandes negócios...
O rico fazendeiro havia mandado construir grandes depósitos para suas colheitas. Mas, os celeiros, embora enormes, já eram insuficientes para armazenar os frutos de seus campos de cultura...
Um dia, ele pensou: “Que farei? Os celeiros já estão pequenos... Não tenho mais onde recolher tantos frutos...”
E preocupado com suas colheitas, cada vez maiores, resolveu derrubar os celeiros e construir outros muito maiores...
Mandou chamar os melhores construtores do país e foram edificados vários celeiros gigantescos.
E o grande agricultor ficou satisfeito quando contemplou, finalmente, as novas e imensas construções em sua rica e bem cuidada fazenda. Agora estava tranqüilo. Os celeiros eram enormes e neles caberia toda a produção de seus campos...
Disse aos amigos, aos construtores e aos servos:
— Agora poderei viver tranqüilo muitos anos... Os celeiros podem armazenar todas as colheitas e tão cedo não será preciso aumentá-los. Posso agora, finalmente, viver sossegado e pensar somente na exportação dos produtos...
E à noite, muito satisfeito, antes de deitar-se, ao invés de orar, raciocinava e dizia a si mesmo: “O alma! Tens em depósito muitas riquezas, para muitos e muitos anos! Descanse, come, bebe, alegrete.
E o rico deitou-se, muito orgulhoso de sua fortuna, confundindo corpo e alma, tão grande era sua ignorância das coisas espirituais... Deitou-se sem um pensamento para Deus. Só imaginava que poderia, daquele dia em diante, viver sem preocupações, pois teria riquezas acumuladas para muitos anos...
Assim pensava o rico, mas, Deus pensava de outra maneira.
O rico pensava que era inteligente, mas, Deus achava que ele era simplesmente um homem sem juízo...
E nessa mesma noite, após a inauguração dos celeiros e os pensamentos de orgulho do rico, Deus disse: Insensato, esta noite tua alma será chamada; e o que tanto juntaste para quem será?
E sem que ninguém soubesse como, nem a que hora, nessa noite o rico morreu, sem um gemido e sem uma prece, no seu leito luxuoso...
Seus planos de tranqüilidade para o futuro foram inúteis. Ele não sabia que o futuro pertence somente a Deus... De nada lhe valeram os celeiros recheados de frutos e cereais. Inútil foi juntar tanta riqueza, sem nunca haver pensado em Deus nem nas necessidades do próximo. Morreu sem fé e sem humildade no coração. Suas riquezas de nada lhe valeram na Pátria Espiritual, porque ele nunca as utilizou para o bem dos outros. O que tem valor na Eternidade ele não possuia, porque nunca havia juntado “tesouro no Céu”, mas, somente na terra...
“Assim é aquele — diz Jesus, terminando a Parábola — que, para si, junta tesouros e não é rico para com Deus
Que a história do rico sem juízo e avarento mostre ao seu coraçãozinho, desde agora, aquilo que Jesus ensinou ao povo, quando contou esta parábola: é preciso evitar toda a avareza, porque a vida de uma pessoa não consiste na abundância das coisas que possui.
Que você seja rico, muito rico mesmo, de fé, de humildade, de amor fraterno, de esperança, de Espírito de serviço, de pureza. Essa são as riquezas de Deus, que valem neste mundo e no mundo futuro — na Eternidade.
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