1. Antes
de tudo: sim, a vacina é segura! São mais de 60 milhões de pessoas já vacinadas, com toda segurança.
O
processo de produção da vacina da gripe é bastante lento e trabalhoso. Para que
a vacina esteja disponível meses antes do inverno – período necessário para a
distribuição e aplicação das doses, bem como a produção da resposta imune pelo
corpo – são necessárias reuniões bianuais organizadas pela OMS que determinam
quais serão os tipos de Influenza presentes na vacina. No caso desta campanha
de vacinação, é o Influenza A H1N1 de origem suína.
Uma vez decidido o
vírus, ele é coletado e transformado. A maneira atual de cultivar o influenza
para se obter quantidades necessárias para as doses de vacina é inocular o
vírus em ovos de galinha embrionados, que são estéreis e permitem que o vírus
cresça bem. Assim, a transformação envolve misturar o influenza escolhido com
uma linhagem que cresce bem em ovos para aumentar o rendimento. Em todas as
etapas, o vírus é isolado e testado para garantir que não há perigo para nossa
saúde e a vacina será eficiente.
Depois
de crescer o vírus em ovos, ele é purificado e completamente destruído. A
vacina é composta apenas de um pedaço do vírus, a proteína Hemaglutinina,
que é a parte reconhecida e atacada por nosso sistema imune. Não
existe vírus ativo na vacina, por isso ela não pode causar gripe.
Existem, sim, versões
de vacina baseadas no vírus atenuado, que inclusive podem proporcionar uma
resposta imune melhor, mas são de manipulação muito mais complicada e cara, e
não são usadas em campanhas de larga escala.
Vacinas de vírus vivos atenuados: a expressão vírus vivos
atenuados basicamente significa que a vacina é feita com vírus vivos, mas que
causam uma forma muito fraca da doença.
Vacinas de vírus inativados: quando as vacinas
inativadas são criadas, o vírus ou a bactéria são completamente mortos
utilizando-se um elemento químico, geralmente, o formaldeído. Pedaços mortos de
microorganismos que causam a doença (geralmente bactérias) são colocados na
vacina.
2. Mas e o esqualeno e o
mercúrio da vacina? E a síndrome de Guillain-Barré?
Infelizmente,
o Influenza A H1N1 não cresce muito bem em ovos, e a produção das doses de
vacina foi bem comprometida. Uma maneira de compensar este fato é usar um adjuvante. O adjuvante é um
composto que ajuda o corpo a encontrar e reconhecer as proteínas da vacina e
produzir uma resposta imune melhor. Usando adjuvantes, apenas uma dose de
vacina pode ser suficiente, ao invés das duas normalmente usadas.
O esqualeno contido na vacina é um auxiliar do adjuvante. Ele é um
óleo naturalmente presente em nosso corpo, que inclusive faz parte da marca da
impressão digital. Em alguns SPAMs anti-vacina, ele aparece como causador de problemas de
paralisia em veteranos da Guerra do Golfo, que haviam sido vacinados contra
antrax e possuíam anticorpos anti-esqualeno. Hoje em dia, se sabe que não havia esqualeno na vacina que eles receberam, como a própria OMS explica.
Já o
mercúrio é utilizado como conservante. Ele está presente na vacina como
timerosal, que contém metade do seu peso em mercúrio, o que dá a quantidade 1,25 a 25 μg por dose, menos do que a dose diária
máxima permitida. O mercúrio presente na vacina é o etil mercúrio,
que não se acumula no corpo e é rapidamente metabolizado e retirado, ao contrário da
forma nociva, o metil mercúrio. E nenhum dos dois está associado ao autismo.
Guillain-Barré
é uma doença auto-imune de diagnóstico bem complicado, que recebeu uma enorme
atenção depois da campanha de vacinação dos Estados Unidos em 1976, e muitos
dos casos diagnosticados podiam estar despercebidos antes da cobertura que a
mídia deu. Considerando que todos os casos foram diagnosticados corretamente, e
causados pela vacina (o que não foi comprovado até hoje, nem refutado), foram
10 casos por milhão de vacinados, 25 deles fatais. A gripe
mata cerca de 1 pessoa em mil contaminados, algo muito mais
preocupante. A ideia dehisteria coletiva é reforçada pela vacinação da Holanda, que distribuiu 1,5
milhão de doses da mesma vacina e não registrou nenhum caso de Guillain-Barré.
3. Quando eu devo receber a
vacina? Por que as prioridades?
A
lista de prioridades é necessária por causa de como o Influenza se espalha. A gripe é
transmitida pelo ar e por contato, principalmente
durante o inverno, e quem é infectado fica gripado e transmite o vírus durante
cerca de uma semana. Para evitar o espalhamento da gripe, não é necessário que
todos estejam imunes contra ela, basta que uma parcela da população esteja. De preferência, os
mais importantes na transmissão.
Como o mundo inteiro
quer doses de vacina, a produção é insuficiente. Mesmo que o Influenza A H1N1
crescesse bem em ovos e rendesse muitas doses, não existe estrutura capaz de
produzir bilhões de doses. Mas, como já vimos, não é preciso vacinar todas as
pessoas, apenas alguns grupos.
Por
isso o governo está vacinando apenas as pessoas mais suscetíveis e que podem
transmitir mais o vírus. É uma questão de conseguir os melhores efeitos com um
estoque limitado de vacinas. Assim, ao se vacinar, você se protege e protege
os outros.
Daí a importância de
começar a vacinação com agentes de saúde, que entram e contato constante com
doentes infectados pelo Influenza – e pacientes que se forem infectados podem
sofrer muito mais severamente.
As
prioridades depois são pessoas com o sistema imune comprometido, crianças bem
novas, grávidas, doentes crônicos e idosos. E também as pessoas mais ativas e
que transmitem o vírus para mais potenciais alvos. Crianças mais velhas do que
2 anos, por exemplo, desenvolvem sintomas muito menos severos, embora
transmitam bastante a doença, por isso foi dada aprioridade aos mais novos.
O
motivo de pessoas com mais de 65 anos terem prioridade de receber a vacina
contra a gripe comum e não esta se deve à imunidade que eles já possuem.
O Influenza humano e o Influenza suíno vêm de uma mesma linhagem que infectou
ambos por volta de 1918, e desde então temos trocado vírus algumas vezes.
Provavelmente um evento deste ocorreu por volta de 1944, e quem foi
infectado pelo vírus suíno naquela época é imune até hoje.
4. Quais são os efeitos colaterais?
Os efeitos colaterais da vacina acontecem por conta da nossa resposta imune, já que ela não contém o vírus em si, apenas um pedaço dele. Como muitos dos sintomas da gripe, nossa própria resposta contra o vírus desencadeia mudanças no corpo, e, de certa forma, senti-los é um sinal de que nossa resposta imune está sendo formada.
Os
efeitos colaterais mais comuns são febre, dores no corpo e nas juntas e dores de cabeça. Todos com duração de poucos dias. Como são milhões de pessoas
vacinadas, alguns casos mais raros como diarreia podem ocorrer.
Grávidas e crianças
não apresentaram sintomas além dos normais e não foi vista razão para não
vaciná-los. Ainda mais se considerarmos que eles são os mais atingidos pelos
sintomas da gripe e, portanto, os mais beneficiados pela proteção da vacina.
5. Eu devo tomar a vacina?
O que fazer se não estou na lista?
Se você se encaixa em
um dos grupos a ser vacinado, sim. Por mais que você não costume ficar gripado.
Ser vacinado não protege apenas você, protege também as pessoas com as quais
você tem contato. Afinal, como já vimos, as vacinas foram distribuídas visando
atingir o grupo da população mais importante na contenção da doença.
Com
tantos casos de vacinas bem sucedidas e tão poucos e toscos motivos para não se
vacinar,não vacile. Proteja-se, proteja
quem está a sua volta e vacine-se.
Se você deseja se
vacinar ou vacinar alguém, e não está na lista de prioridades, procure um
clínica particular. Ou aguarde, é possível que após a campanha, o governo
distribua as doses restantes para a população toda.
No caso quem é alérgico a clara do ovo , pode tomar?
ResponderExcluir