google.com, pub-3508892868701331, DIRECT, f08c47fec0942fa0 Rio de Saúde: Mitos e verdades sobre a depressão

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Mitos e verdades sobre a depressão


A psiquiatra Mara Fernandes Maranhão, do Núcleo de Medicina Psicossomática e psiquiatria do Hospital Israelita  Albert Einstein, esclarece dúvidas sobre a doença que causa tristeza profunda e pode ser fatal.


Atualmente as pessoas são mais deprimidas que no passado.

 Verdade - Estudos epidemiológicos indicam que a incidência de depressão vem aumentando ao longo do tempo. Além disso, atualmente as pessoas tem mais acesso à informação do que no passado, o que pode estimulara a busca de ajuda especializada e facilitar um diagnóstico.

 Tristeza extrema e depressão são a mesma coisa.

Mito - O termo depressão, na linguagem comum, costuma ser usado para designar tanto um estado afetivo normal (a tristeza), quanto a doença ou síndrome depressiva propriamente dita, embora se tratem de coisas diferentes. Os sentimentos de tristeza e alegria são universais e dão “colorido” à vida. A tristeza é uma resposta humana comum às situações de perda, derrota e outras adversidades. Já a depressão, como síndrome ou doença, é caracterizada não apenas por alterações do humor (tristeza, irritabilidade, apatia), mas também por uma gama de outros aspectos, incluindo alterações cognitivas (dificuldades de concentração e memorização), psicomotoras (sensação de lentidão) e nos ritmos biológicos (sono e apetite).

Alguns casos de depressão estão ligados à insatisfação (trabalho, relacionamentos, etc.).

Verdade - Existe uma relação íntima entre as condições de trabalho, o reconhecimento social que ele tem e os sintomas depressivos. Dessa forma, o trabalho, assim como os relacionamentos, podem ser fatores de riscos para o desenvolvimento da doença em pessoas suscetíveis. Tristeza, desânimo, agitação e ansiedade demonstrados em excesso. Se no seu ambiente de trabalho você tem colegas (ou até você mesmo!) que se enquadram diariamente nesses comportamentos, é recomendado acender a luz de alerta. 

A doença atinge, principalmente, profissionais que realizam na rotina do dia-a-dia serviços extremamente operacionais e mecânicos. O ambiente de trabalho pode se constituir numa das causas da depressão. Hoje temos o estresse ocupacional. E o trabalho pode ser um fator desencadeante da depressão. 

Seus sintomas podem ser a insegurança, o isolamento social e familiar, a apatia, a desmotivação, enfim, perda de interesses por coisas que a pessoa gostava de fazer com prazer no passado. O quadro também pode ser diagnosticado diante da perda de memória e da concentração, além de insônia e perda do apetite. Hoje temos no País, de uma maneira geral, uma política salarial desestimulante. 

Se perde muita energia no trabalho e não há recompensa, não há valorização. As empresas hoje estão muito mais preocupadas com a produção do que com a humanização do trabalho. Essa situação acaba por provocar no trabalhador o medo de perder o emprego. Atualmente, já há empresas nos Estados Unidos que oferecem técnicas de relaxamento a seus funcionários durante o horário do expediente. Mas no Brasil, a situação é mais difícil.

 Pessoas mais sensíveis ou “mimadas” tendem a sofrer com o mal.

Mito - Isso não é necessariamente verdade. Sabe-se que a depressão não tem uma causa única, mas ocorre pela interação de fatores genéticos (que deixam o indivíduo vulnerável) com fatores ambientais. No caso de pessoas muito sensíveis, pode ser mais difícil o enfrentamento de situações que causam estresse emocional (desentendimentos, disputas, perdas, etc.) que, portanto, deixam-nas mais propensa ao mal. No entanto, essa característica, de forma isolada, é insuficiente pera levar a um quadro depressivo.





Só os mais velhos sofrem de depressão.

Mito - A depressão pode atingir indivíduos em qualquer idade ou fase da vida, de forma que mesmo crianças e adolescentes podem vir a tê-la. A depressão pode ocorrer em qualquer ciclo da vida: na infância, adolescência, na vida adulta e na velhice. A infância é a fase de diagnóstico mais difícil. Muitos casos passam despercebidos, pois os sintomas são atribuídos a características de personalidade da criança. Na velhice, acontece algo semelhante. Muitas vezes, atribui-se a queda de energia e disposição ao peso da idade. “Ele está velho, já fez o que tinha de fazer” é a explicação que se dá, ignorando os sintomas da depressão e a possibilidade de mudar sensivelmente a condição de vida do velho porque existe tratamento para essa doença.

 A depressão pode levar a pessoa a ter comportamento violento.

 Mito - Os sintomas depressivos, por si só, não acarretam comportamento violento. De fato, se pensarmos nos sintomas que pessoas deprimidas apresentam (cansaço ou sensação de falta de energia, perda do prazer em atividades que antes o proporcionavam, dificuldades de atenção e memorização, problemas de sono e apetite, entre outros), a tendência é de diminuição das interações sociais e de isolamento. No entanto, em alguns casos, quando a depressão vem acompanhada de sintomas psicóticos, o indivíduo pode até chegar a apresentar atitudes violentas. Mas isso não se deve aos sintomas principais da depressão, e sim à distorção da realidade que pode acompanhar o quadro. Além disso, em síndromes depressivas graves, onde a pessoa que sofre relata não querer mais viver, há risco de comportamentos auto agressivos, que podem resultar em tentativas de suicídio.

 Toda a situação de luto leva à depressão.

 Mito - O que é chamado de “reação luto normal” pode estender-se por até um ou dois anos, e é diferente dos quadros de pressivos clássicos. As reações de luto, que se estabelecem em resposta à perda de pessoas queridas, caracterizam-se pelo sentimento de profunda tristeza. Apesar disso, as pessoas costumam preservar certos interesses e reage positivamente ao ambiente, quando devidamente estimulada. Não se observa, no luto, o isolamento e a quebra do funcionamento social e profissional característicos da depressão.

 A depressão é 100% curável.

 Verdade - A gravidade do Transtorno Depressivo varia de uma pessoa para outra. Algumas tem um único episódio de depressão na vida e se recuperam totalmente com o tratamento. Já outras podem ter mais de um episódio depressivo (o que é chamado de Transtorno Depressivo Recorrente). No entanto, mesmo esses últimos conseguem retornar ao funcionamento normal, embora precisem de acompanhamento médico de longo prazo.

 Depressão: só tem quem quer.

 Mito - A depressão é um transtorno psiquiátrico, ou seja, uma doença. Dessa forma, não se trata de algo que possa ser “escolhido” e tampouco deve ser visto como manifestação de fraqueza. Sendo uma doença, precisa ser apropriadamente tratada e a pessoa que dela sofre precisa de acolhimento. 

O seu diagnóstico passa muitas vezes despercebido, quer por falta de reconhecimento da depressão como doença, quer porque os seus sintomas são atribuídos a outras causas (doenças físicas, estresse, etc.). A depressão não deve ser confundida com sentimentos tristeza como “estar em baixo” ou “desmoralizado”, que são geralmente reativos a acontecimentos da vida e transitórios. Trata-se de uma perturbação do humor ou seja uma disposição emocional a longo termo, que se mantém ao longo do tempo, que afeta significativamente o rendimento no trabalho (ou escolar), a vida familiar, afetiva e o simples existir do doente, que sofre intensamente. Embora a característica mais tipica dos estados depressivos seja a proeminência dos sentimentos de tristeza ou vazio, nem todos os doentes relatam essas sensações. Muitos referem, sobretudo, a perda da capacidade de experimentar prazer nas atividades em geral e a redução do interesse pelo meio externo. Frequentemente associa-se à sensação de fadiga ou perda de energia. Sem tratamento, os sintomas podem permanecer por semanas, meses ou anos. Felizmente, com o tratamento apropriado, é possível ajudar a maior parte das pessoas que sofre de depressão.

 A cura só acontece se o indivíduo que sofre com o mal se dispor.

Verdade - Para que ocorra melhora, é indispensável que a pessoa se envolva no tratamento, sendo ele medicamentoso ou não. O paciente é um agente muito importante do processo que inclui aceitar o diagnóstico,seguir orientações dos profissionais de saúde, entre outras disposições. A força de vontade e o desejo de não querer estar deprimido são as duas armas mais eficazes que o doente possui para vencer a depressão. Tal como acontece com as outras doenças, não se deve sentir vergonha por pedir a ajuda de um especialista.

 Remédios antidepressivos causam dependência.

 Mito - Antidepressivos não causam dependência. A depressão é que pode voltar ou não durante a vida, dependendo de uma série de fatores. Algumas pessoas precisam desse tipo de remédio por muito tempo (meses ou até anos), outras não; isso varia de um paciente para o outro. Além disso, uma pessoa que não sofre de depressão e toma um antidepressivo não ficará mais alegre ou mais feliz que o habitual, como acontece com as substâncias que podem causar dependência.

Alimentação balanceada, atividade física e vínculos de amizade ajudam a prevenir depressão.

Verdade - Um estilo de vida saudável, que inclua atividade física regular e alimentação adequada, bem como a presença de vínculos afetivos, são considerados fatores protetores contra a depressão. Além de ajudarem na recuperação de quem já sofre com o problema, esses hábitos diminuem as chances de recaída. Uma caminhada durante 30 minutos, três vezes por semana, pode ser tão efetiva no alívio dos sintomas da depressão quanto o tratamento padrão à base de medicamentos anti-depressivos. A simples ingestão de uma pílula é muito passiva, diferentemente do exercício, que faz com que os pacientes sintam-se dominadores de sua condição, com grande senso de realização. Sentem-se mais auto-confiantes, com melhor auto-estima por poderem realizar sozinhos os exercícios físicos. Uma relação de amizade combate diretamente à depressão e doenças cardíacas, isso porque os sentimentos despertados por uma amizade influenciam diretamente nos batimentos cardíacos, mantendo a calma e controlando-os. Todos nós temos a necessidade de dividir os sentimentos, isso nos traz mais calma e autocontrole, por isso quem tem um amigo corre menos risco de ser tornar depressivo. Dividindo os problemas, as cargas ficam menores e mais fáceis de suportar

A depressão tem um lado bom, pois faz a pessoa buscar alternativas que a deixem mais feliz.

Mito - A depressão causa intenso sofrimento e dificuldades em várias áreas da vida, de modo que merece tratamento apropriado. Já o sentimento de tristeza, esse sim, possui valor adaptativo, uma vez que pode levar a pessoa à reflexão e a mudanças que tenham impacto positivo na qualidade de vida. Por outro lado, o sentimento pode ser um sinal de alerta de que a pessoa está precisando de companhia e de ajuda.

Toda pessoa deprimida pode desejar morrer.

Verdade - Porém, os sintomas são variáveis. Nem sempre a depressão se configura por tristeza profunda, podendo apresentar, apenas, sinais de desânimo e desinteresse. Assim, não se deve generalizar, especialmente em relação ao desejo de acabar com tudo, mais comum em níveis avançados da doença sem tratamento.


           

Um comentário:

  1. Da experiência pessoal eu sei o quão ruim a depressão pode ser.

    From personal experience I know how bad depression can be.

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