Você acha que alimentos condimentados,
frutas cítricas, café, refrigerante e o estresse são os principais causadores
da gastrite? Pois está enganado. De acordo a Federação Brasileira de
Gastroenterologia, a grande vilã é uma bactéria de nome esquisito - a
Helicobacter pylori, ou simplesmente H. pylori para os íntimos.
Gastrite
pode ser contagiosa
A contaminação
pela H. pylori ocorre principalmente na infância. Pesquisa realizada com 700
moradores da cidade de Governador Valadares (MG) demonstrou que a presença da
bactéria é mais freqüente em crianças de até oito anos. E, como o contágio é
feito pelas gotículas de saliva, por meio do beijo ou do uso comum de objetos
como copos e talheres, sugere que os principais agentes transmissores sejam os
próprios pais. "A manifestação na
fase
adulta é mais rara porque a maior imunidade biológica impede que a H. pylori se
fixe na parede gástrica.
Outras
causas que você deve considerar
: Embora menos comum (cerca de 20% dos casos), a origem da gastrite pode
estar relacionada a outros fatores. Alguns medicamentos, especialmente antiinflamatórios
não hormonais e aspirina, irritam o estômago e alteram o PH (índice de acidez),
deixando-o mais ácido do que o normal. Álcool e cigarro também agem como uma
'bomba'. Em excesso, as bebidas alcoólicas causam lesões gástricas por
agredirem a mucosa estomacal ou reduzirem o fluxo sangüíneo. Associadas ao
fumo, o quadro se agrava, já que a nicotina aumenta o refluxo de bile para o
estômago, diminuindo sua defesa. Efeitos da radiação, ingestão acidental de
substâncias corrosivas (como produtos de limpeza), doenças que afetam o sistema
imunológico ou crônicas (como diabetes), predisposição genética e distúrbios
hormonais completam a lista de fatores que desencadeiam a doença.
Estresse e
alimentos: culpados ou inocentes? Quando
o estômago começa a doer, a correria diária e o estado de tensão constante
são apontados como grandes culpados. Mas os especialistas garantem que estas
acusações são injustas. O estresse não causa a gastrite, apenas
intensifica a dor quando o processo inflamatório já se instalou na região. Isso
porque a adrenalina liberada no organismo pode aumentar a produção do ácido
gástrico.
Em relação aos alimentos,
no entanto, as opiniões se dividem. De um lado, alguns médicos absolvem os
itens da feira e do supermercado de qualquer culpa em cartório. "O
estômago é extremamente ácido. Não será o café nem o refrigerante que
provocarão a gastrite, a não ser que o paciente seja portador da H.
pylori", afirma a professora de microbiologia Taciana. No outro extremo,
especialistas acreditam que frutas cítricas, condimentos (como a pimenta, o
catchup e o vinagre), café, mate e bebidas alcoólicas podem, sim, causar danos
ao estômago, mesmo em pacientes que não estejam infectados pela
bactéria."Cientificamente nada ainda está comprovado, mas observamos nos
consultórios que quando o indivíduo deixa de ingerir alimentos ácidos sente um
alívio enorme", defende o gastroenterologista Carlos José de Vasconcellos
Carvalho (RJ).
Conheça os
sintomas e tratamentos
Como a gastrite
recebe várias classificações, os incômodos que surgem a partir da inflamação da
mucosa estomacal variam. Mas, no geral, quem tem a doença sofre com indigestão
e dores agudas ou uma espécie de queimação na parte superior do abdômen, que
podem ser acompanhadas por náuseas. Outros sintomas comuns são mau hálito,
vômitos e fezes escuras.
O problema pode
ser diagnosticado por meio de avaliação médica e, quando necessário, com o
auxílio de uma endoscopia (exame realizado através de um tubo de fibra óptica
introduzido pela boca) ou de métodos mais invasivos, como a biópsia.
O tratamento
deve ser iniciado o quanto antes e, se o problema for causado pela H. pylori,
precisa ser feito com a utilização de antibióticos, num período de sete a 14
dias. "É imprescindível tomar a medicação até o final. Desse modo,
raramente o paciente será reinfectado.
Na gastrite, a
destruição da mucosa estomacal não vai além da camada muscular e as lesões
costumam cicatrizar completamente após o tratamento. Mas, se a inflamação
persistir, pode provocar sangramentos e virar até uma úlcera. Portanto, diante
dos primeiros sinais de 'fumaça', procure logo orientação médica. E apague de
vez o 'incêndio' em seu estômago.
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