google.com, pub-3508892868701331, DIRECT, f08c47fec0942fa0 Rio de Saúde: Tortura que é a rotina e o medo do desconhecido

sexta-feira, 15 de julho de 2016

Tortura que é a rotina e o medo do desconhecido

Todos nós queremos ser bem sucedidos, porém o que é preciso fazer para se chegar lá? Nem sequer sabemos se o sol tem luz para todos. Ainda assim, passamos a vida tentando ser alguém. Não um alguém qualquer, o que queremos é ser especial, seja no amor, no dinheiro, ou em outra realização pessoal.

Há dias felizes que nos faz pensar que tudo é possível. Às vezes, é uma inspiração que chegou sem avisar. Risos compartilhados com amigos fazem parecer que é fácil vencer. Beijos molhados dão a entender que o mundo também vai nos querer. Só é preciso força de vontade, coragem e as coisas irão acontecer. 



Seguimos com esta ilusão até que a realidade nos obriga a acordar e vê que a barreira é maior do que pensávamos. Seguramente, daremos nosso melhor. Mas e quando o nosso melhor não é o suficiente? O que acontece quando não nascemos para ser o que tanto almejamos? Desespero, frustração… Em último caso, conformação.

Quando todas as tentativas se mostram em vão, a crise existencial se apresenta: para quê eu nasci? De onde vim? E, principalmente, por que eu não consigo sair daqui? Faltou beleza para ter aquela mulher, estudo para ser culto, faltou dinheiro até para um bom Chevrolet. O sol do sucesso não brilha para todos.

Há dias infelizes que torna todos os nossos sonhos patéticos. Críticas inesperadas fazem parecer que não somos capazes. Erros dão a entender que tudo está acabado. Fracassado. Sem contar ainda os muitos problemas que surgem em sequência, um atrás do outro: briga, doença, conta… Desgraça nunca vem sozinha. Filme triste que faz chorar.

Não dá para realizar grandes feitos quando nos sentimos pequenos. Mas a boa notícia é que o peso no estômago é passageiro. Outros dias, risos e beijos virão para trazer aquela sensação de que o sucesso é possível. Novamente, sem se dar conta, lá estamos nós buscando o sonho de ser alguém especial. Síndrome do escolhido.

O concurso abriu, a igreja está aberta e a mega-sena acumulada.

Conheço uma moça mexicana que passou num dos concursos mais concorridos do seu país. Foram anos em busca deste ideal, porém bastaram dois meses para que a alegria se transformasse em purgatório. O problema, segundo ela, é a rotina. De casa para o trabalho e do trabalho para casa, a mexicana sente que nada de interessante acontece na sua vida.

A reclamação é válida e recorrente. Não é à toa que todo o mundo quer viajar pelo menos uma vez ao ano. Pode-se dizer que a viagem é um respiro do muros que construímos ao nosso redor. A construção começa quando ainda não existe consciência, geralmente, desde criança somos colocados a caminhar em direção a um lugar de segurança máxima, como se isso fosse o melhor lugar do mundo.

A maioria só descobre que a fortaleza não é o paraíso quando se veem numa vida parada, capaz apenas de andar em círculos. Mas se a rotina é um fardo, porque então não romper os portões feito louco cantando Let Go sem roupa? A resposta é o medo do desconhecido. Afinal, vai que lá fora tenha um serial killer canibal.

Forma-se então o conflito da existência pós-moderna: seguir na segurança que aprisiona, ou se libertar num campo minado? Não é tão fácil tomar uma decisão, pois embora a segunda opção seja mais interessante, é na primeira alternativa que a sociedade nos cria, é na ideia da raiz que a escola nos forma.

Quebrar com as correntes e enfrentar o desconhecido só é possível quando a coragem é exercida. No meu caso, a academia para estes exercícios foram as viagens e a sorte de encontrar pessoas inspiradoras pelo caminho.

Dia desses, por exemplo, conheci um casal na Sérvia que simplesmente pediram demissão de uma multinacional de engenharia para viajar de bicicleta pela Europa até chegar à Grécia, onde por fim trabalharão como voluntários no acampamento dos refugiados da Síria. Não tem como presenciar atitudes como estas e não parar para refletir se a segurança da rotina compensa o sacrifício de se viver com menos emoção do que se pode.

É possível encontrar o equilíbrio entre segurança e liberdade, mas não se engane, há momentos – ou períodos – em que se faz necessário uma ação extrema. Não se corta um cordão umbilical aos pouquinhos.

Se o casamento caiu numa rotina cruel, um tratamento de choque precisa ser feito para reanimá-lo, outra saída seria a separação. Porém se nenhuma dessas ações forem praticadas, o que se tem é o conformismo de estar numa prisão de segurança máxima, onde não há emoção, mas também não há enfrentamentos do desconhecido.

Às vezes me pego pensando se não seria melhor ficar tranquilo no meu canto, sossegado e seguro, mas aí me vem à mente que quando eu morrer vou virar raiz e ter um endereço fixo, então de paradeiro já me basta a morte. Última dica: tem pessoas que fazem papel de corrente na nossa vida, aventurar-se no desconhecido nos ensina a nos livrar delas. Fonte: uzipora

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