A vergonha faz com que o indivíduo sinta vontade de se
esconder, muitas vezes atrás de máscaras. Enfrentar a vergonha gera superação. Esta é uma afirmativa
de importância vital para o equilíbrio íntimo do ser humano.
Deepak Chopra,
Debbie Ford e Marianne Williamson me ensinaram a usar essa ferramenta para
encontrar paz de espírito, na parceria que fizeram ao escrever o livro O Efeito
Sombra. Aliás, esse tema vem sendo e continuará a ser debatido aqui no Por que
gente é assim? ainda em muitas postagens.
Hoje, exposta em rápida reflexão, a atitude de enfrentar a
vergonha vai ser demonstrada de forma sucinta e objetiva. Um dos principais
geradores de sofrimento entre os entes sociais é exatamente o medo de que suas
deficiências fiquem expostas ao público e, por conta disso, gerem
constrangimento. O problema é tão sério que a própria legislação deu um jeito
para que uns sejam mais brandos com os outros, ao instituir que negros sejam
chamados de afrodescendentes, por exemplo.
É curioso como a nossa formação nos leva a nos sentir menor
do que somos. Talvez, esse seja um ranço da religiosidade que, equivocadamente,
interpretou a modéstia como condição fundamental para se entrar no Reino dos
Céus. Outro ponto, que pode ser motivo para o sentimento de menos valia, é a
intuição de que não exploramos ao máximo nossas maiores virtudes. Afinal de
contas, temos possibilidades de realizações infinitas, que deixamos submersas
no inconsciente, em função do medo de errar.
Tenho convicção de que o medo de errar, dos possíveis
motivos da vergonha, seja um dos mais pesados. É que indivíduos, que vivem sob
esse jugo, acabam se entregando a vidas medíocres, desperdiçando talentos
inestimáveis. Junta-se a isso tudo, a grande pressão da sociedade,
principalmente a brasileira, que não poupa críticas e deboches para qualquer
ação que possa ser considerada um vexame, ou pagação de mico.
Atrizes que rasparam o cabelo para representar um problema
grave. A vergonha da pessoa que de expor uma fragilidade.
Mas, para vencer o mal, é preciso olhá-lo de frente. Se você
observar com atenção, vai perceber que nenhum colega vai te chamar de doido, se
você aceitar a denominação com naturalidade. Isso é muito comum, nas escolas de
educação infantil básica, onde as crianças têm seu primeiro contato social,
fora da família. É muito comum haver choros, tapas e pontapés quando um
coleguinha chama o outro de filho da puta.
A criança não racionaliza que a outra está apenas com a intenção de
provocá-la e não de ofender-lhe a mãe. Mas como ninguém quer ser filho da puta,
o bafafá fica armado.
O problema é que todas as nossas características menos
nobres, que possam ser expostas na Medina ou em boca de Matilde, acabam sendo
tomadas como ofensas. Muitas delas, de fato, compõem nossa sombra. Outras, de
forma alguma, mas causam uma dor lancinante, a ponto de gerar melindres. Isso
tudo, por temermos enfrentar nossa maior vergonha.
Seria interessante que pudéssemos treinar a, pelo menos,
ouvir as piadinhas maldosas e julgamentos precipitados a nosso respeito.
Primeiro, porque nos daria a oportunidade de refletir em torno da imagem que
passamos para os outros. Talvez até conseguiríamos aceitar aos poucos que
algumas dessas características que nos são outorgadas, de fato constituem
traços da nossa personalidade, exigindo atenção e trabalho em torno deles.
Segundo, por ser uma oportunidade de analisar se, de fato, o que fulano ou
beltrano disse, faz sentido, ou é apenas interpretação equivocada, por conta de
problemas íntimos projetados em nós.
Os parceiros de O Efeito Sombra têm toda razão.
Experimentei enfrentar de frente minha maior vergonha. Foi extremamente
doloroso, mas a autoconsciência fez com que eu aceitasse minha verdade e me
esforçasse para vivenciá-la. No começo foi terrível me expor em público, mesmo
sem a necessidade de esbravejar aos quatro cantos. Entretanto, com o passar do
tempo foi se tornando suave e estabelecendo a conquista de respeito que, para
mim, é o ponto de partida para a fraternidade universal, representada pela Lei
de Amor ensinada por Jesus Cristo.
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