"Julgamentos podem ser tão severos que geram níveis de estresse altíssimos, a ponto de causar úlceras, gastrites, variações hormonais e disfunções na amamentação, dermatites, quedas de cabelo, entre outras doenças endócrinas e cardiovasculares", enumera o psicólogo Ricardo Monezi.
A psicóloga e professora da PUC-SP Flavia Arantes Hime acredita que, se mulheres são mais sensíveis a julgamentos do que os homens, isso ocorre porque tal sensibilidade também foi cultural e socialmente aprendida. "A mulher ainda é criada para cuidar do âmbito privado, da casa e da família, voltada para a intimidade, o trato, sentimento ou bem-estar do outro".
O fato de acumularem funções (mães, profissionais e administradoras da casa), somado à necessidade de estarem sempre elegantes, magras e bem arrumadas, faz com que se cobrem ainda mais ou sintam com maior peso as críticas: não têm o mesmo desempenho ou experiência dos homens no trabalho, não são boas mães (pois passam a maior parte do tempo trabalhando), entre outros motivos.
"A própria mulher idealiza muito seu papel de boa mãe e dona de casa; isso provoca uma sobrecarga de estresse e autocobrança", afirma Flávia Hime.
Hormonal ou cultural?
De acordo com pesquisadores como Monezi, a diferença no jeito de elaborar internamente julgamentos tem fundo não só cultural e psicossocial. "É da própria estrutura hormonal da mulher ser mais agregadora e conseguir absorver o impacto dos julgamentos, reagindo de um jeito que a favorece mais, como que servindo de estímulo para vencer um desafio, com sucesso e habilidade", diz o psicólogo da Unifesp. Já o homem quer dar o troco e reage às críticas com agressividade, ímpeto típico da testosterona.
A vantagem delas é que, com toda a cobrança e acúmulo de funções, elas vão se tornando cada vez mais habilidosas, porque aprendem a pensar antes de reagir; não têm vergonha de pedir ajuda quando precisam e se capacitam a vencer desafios em casa, na educação dos filhos, no trabalho, nos estudos, tudo ao mesmo tempo.
Segundo Flávia Hime, é importante que todas as mulheres passem a tomar atitudes libertas de velhos preconceitos: "Elas não devem cobrar apenas das filhas que a ajudem a tirar a mesa depois do jantar, mas também do marido e dos filhos", exemplifica.
Já Monezi acha que os homens é que deveriam aprender com as mulheres: absorver melhor as críticas ou "sofrer" um pouco mais com elas, e utilizar julgamentos não como fundamento da agressividade, mas como oportunidade de um autoexame mais profundo.
Goivanny Gerolla
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