Apesar de alguns de seus sintomas se confundirem, intolerância e alergia alimentar têm origens diferentes - e cada um demanda cuidados específicos.
Aprenda a distinguir um do outro.
Ser obrigado a maneirar em um alimento ou a cortá-lo de vez
do cardápio vem se tornando uma realidade para cada vez mais gente. "Na
última década, os casos de alergia alimentar subiram 18% nos Estados
Unidos", conta Ariana Campos Yang, alergologista da Associação Brasileira
de Alergia e Imunopatologia.
E a intolerância parece seguir o mesmo rumo:
estima-se que, hoje, um em cada dez americanos tem reações adversas à lactose,
o açúcar do leite. Embora no Brasil não existam estatísticas a respeito, os
especialistas observam um aumento na incidência de ambos os problemas. Motivo
de sobra para entender a diferença entre eles e ficar esperto na hora de
reconhecer seus sinais.
O que é alergia alimentar
Na alergia, o organismo encara proteínas específicas de um
alimento como inimigas e envia células de defesa para barrá-las. Nesse
mal-entendido, o corpo acaba agredido. "A reação pode envolver todos os
órgãos", diz Ariana. Inchaço nos lábios, coceira, tosse, falta de ar e
diarreia estão entre as manifestações que aparecem após a ingestão. No pior dos
cenários, ocorre o choque anafilático. Mesmo que a resposta alérgica seja leve
em uma ocasião, nada impede que, em contatos posteriores com aquela comida,
haja ataques mais sérios. A ordem é se consultar com um médico e, talvez,
riscar o item da dieta.
Tratamento
"Em geral, a alergia costuma surgir na infância",
diz a alergista Renata Cocco, da Universidade Federal de São Paulo. O bom é
que, principalmente antes dos 5 anos, há uma chance de a encrenca sumir, porque
o sistema imune da criançada está em pleno desenvolvimento. Mas quando persiste
até a idade adulta - ou nas poucas vezes em que dá as caras apenas nessa fase
-, ela acompanha o indivíduo pelo resto da vida.
Hoje, uma das apostas da medicina para combater o mal é a
imunoterapia. "Ela consiste em administrar o extrato do alimento rejeitado
em doses crescentes para induzir uma tolerância", explica o imunologista
Jorge Kalil, do Hospital das Clínicas de São Paulo. Só que a tática pode levar
a efeitos colaterais e, por isso, só deve ser aplicada em hospitais.
O que é a intolerância alimentar
A intolerância é uma desordem completamente diferente, a
começar pela causa: a carência de uma enzima que processaria certo nutriente.
"Na deficiência da lactose, por exemplo, a lactose não é digerida e, aí,
atrai água ao intestino, propiciando diarreias", diz o médico Carlos
Francesconi, da Federação Brasileira de Gastroenterologia. Os efeitos da
intolerância chegam a demorar horas (ou dias) para se manifestar e ficam quase
restritos ao aparelho digestivo - dor de barriga, gases, enjoo... Ao contrário
da alergia, esse tipo de transtorno até permite consumir um pouco da substância
não tolerada, desde que com orientação. Em certos casos, dá inclusive para
tomar uma dose da enzima em falta e, a partir daí, ingerir uma pitada do
ingrediente. Se diferem em vários aspectos, a intolerância e a alergia têm um
ponto em comum: com atenção ao prato e suporte médico, é possível contorná-las
sem abalar tanto a qualidade de vida.
Os causadores de alergia...
Peixes e frutos do mar
Ovo
Trigo
Soja
Amendoim
Castanhas
Leite e seus derivados
Gergelim
e os de intolerância
Leite e seus derivados
Grãos com glúten
Banana
Frutas cítricas
Carnes processadas
Repolho
Vinho tinto
Produtos com corantes
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