Crise hipertensiva é a elevação, repentina, rápida, severa, inapropriada e sintomática da pressão arterial, em pessoa normotensa ou hipertensa. Os órgãos alvo da crise hipertensiva são: os olhos, rins, coração e cérebro.
A hipertensão arterial é uma doença crônica e silenciosa,
que provoca lesões em diversos órgãos do corpo de forma lenta e progressiva. Em
geral, são necessários vários anos de pressão arterial mal controlada até que o
paciente comece a apresentar danos irreversíveis, como lesões no coração, rins,
cérebro e olhos.
Entretanto, pacientes normotensos e hipertensos podem
apresentar crises hipertensivas, que são episódios de elevação abrupta da
pressão arterial, muito acima dos valores habituais. Crises hipertensivas, se
não controladas, podem provocar danos irreversíveis ao organismo de forma
relativamente rápida.
A crise hipertensiva é um evento caracterizado pela elevação
da pressão arterial para valores que, se não controlados, podem provocar danos
severos aos vasos sanguíneos em um curto espaço de tempo.
Em geral, consideramos crise hipertensiva quando a pressão
arterial sistólica (valor mais alto alto, chamado de pressão arterial máxima)
encontra-se acima de 180 mmHg ou quando a pressão diastólica (valor mais alto
baixo, chamado de pressão arterial mínima) encontra-se acima de 110 mmHg.
Portanto, um paciente com pressão arterial de 190/90 mmHg ou 175/115 apresenta
crise hipertensiva. Quanto mais alto for o valor da pressão arterial, mais
grave é a crise. Alguns pacientes chegam a ter 240 ou 250 mmHg de pressão
máxima durante um pico hipertensivo.
Geralmente, as crises hipertensivas ocorrem nos pacientes
que não estão adequadamente tratados para hipertensão. Os motivos geralmente
são três:
•Paciente não sabe que é hipertenso e, por isso, nunca tomou
medicamentos.
•O paciente sabe que é hipertenso, sabe que tem que tomar
remédios para a pressão, mas não os toma da forma correta, seja por vontade
própria ou porque o médico não explicou a receita de forma clara.
•O paciente sabe que é hipertenso, toma corretamente os
remédios, mas as doses ou os tipos de medicamentos prescritos não estão
adequados àquele paciente em particular.
Em alguns casos, o paciente passa anos com a sua pressão
arterial mais ou menos bem controlada, mas, de uma hora para outra, começa a
apresentar picos hipertensivos. Situações que podem provocar descontrole da
pressão arterial são:
•Mudanças na dieta, principalmente aumento do consumo de sal
•Relevante ganho de peso recente.
•Troca dos medicamentos que estava habituado a tomar.
•Surgimento ou agravamento de doenças dos rins.
Mesmo aqueles pacientes que apresentam pressão arterial
sempre muito elevada, frequentemente acima de 180 mmHg de pressão sistólica
(pressão máxima), são caracterizados como portadores de crise hipertensiva toda
vez que tiverem um pico de hipertensão. Ao contrário do que algumas pessoas
pensam o corpo não se acostuma com a pressão muito alta. Como veremos a seguir,
o fato de não haver sintomas, não significa que picos hipertensivos não façam
mal aos seus órgãos.
Como já referido, os pacientes com crise hipertensiva são
divididos em dois grupos:
As crises hipertensivas são habitualmente dividas em dois
tipos:
• Urgência hipertensiva.
• Emergência hipertensiva
• Emergência hipertensiva
1- Urgência hipertensiva - A urgência hipertensiva é a forma
mais comum de crise hipertensiva. Apresentam urgência hipertensiva os pacientes
com pico hipertensivo, pressão máxima acima de 180 mmHg ou mínima acima de 110
mmHg, porém sem sintomas relevantes ou sinais de lesão aguda de algum órgão
alvo (órgão alvo é o nome dado aos órgãos habitualmente danificados pela
hipertensão arterial, tais como olhos, coração, cérebro e rins). Por definição,
a urgência hipertensiva é um tipo de crise hipertensiva que não traz risco de
morte ou dano severo imediato. É importante salientar que, apesar de não haver
risco imediato de morte ou lesão grave de órgãos, os picos hipertensivos
aceleram as lesões no organismo. Enquanto um paciente com hipertensão ao redor
de 140 ou 150 mmHg de pressão máxima demora anos, às vezes décadas, para
apresentar alguma doença cardíaca ou renal, os pacientes com episódios
frequentes de crise hipertensiva podem desenvolver lesões clinicamente
perceptíveis em 2 ou 3 anos, às vezes, menos, caso o ele tenha outros fatores
de risco, como diabetes ou tabagismo.
Os pacientes com urgência hipertensiva habitualmente não
apresentam sintomas, no máximo dor de cabeça, algum cansaço ou sensação de peso
na nuca. Os pacientes hipertensos que controlam mal sua pressão e
constantemente apresentam valores muito elevados são aqueles que toleram melhor
picos hipertensivos sem relatar queixas. A crise hipertensiva deve ser sempre
avaliada por um médico, pois a pressão arterial precisa ser controlada,
inicialmente para valores abaixo de 160/100 mmHg, e a médio prazo para valores
abaixo de 140/90mmHg. Como não há risco iminente de morte, a pressão arterial
na urgência hipertensiva pode ser reduzida gradualmente ao longo de várias
horas ou dias. Nos pacientes idosos, a redução tem que ser cuidadosa, pois
quedas abruptas da pressão arterial podem desencadear quadros de infarto do
miocárdio ou AVC. Em geral, o paciente com urgência hipertensiva não precisa
ser hospitalizado e pode controlar a pressão apenas com medicamentos por via
oral. O importante é entender que a hipertensão arterial do paciente está mal
controlada e que ele precisa de um acompanhamento médico mais próximo, para em
médio prazo não apresentar mais picos hipertensivos.
2- Emergência hipertensiva - A emergência hipertensiva
distingue-se da urgência hipertensiva pela existência de lesão aguda de algum
órgão alvo desencadeada pelo pico hipertensivo. O valor da pressão arterial em
si não é usado para diferenciar as duas formas de crise hipertensiva, pois um
paciente com 220/100 mmHg pode estar assintomático, enquanto um outro com
190/90 mmHg pode estar sofrendo um infarto, o que é uma emergência.
As principais complicações que caracterizam a existência de
uma emergência hipertensiva são:
•Infarto agudo do miocárdio ou angina instável
•Edema agudo do pulmão (água no pulmão)
•Dissecção de aneurisma
•Insuficiência renal aguda
•Insuficiência cardíaca aguda
•Encefalopatia aguda (alteração do estado mental)
•AVC
•Anemia hemolítica microangiopática (destruição dos glóbulos vermelhos do sangue)
•Dissecção de aneurisma
•Insuficiência renal aguda
•Insuficiência cardíaca aguda
•Encefalopatia aguda (alteração do estado mental)
•AVC
•Anemia hemolítica microangiopática (destruição dos glóbulos vermelhos do sangue)
Muitas das emergências listadas acima podem ser
desencadeadas por um pico hipertensivo, mas também podem ser elas a causa da
subida da pressão. Por exemplo, um paciente pode infartar ou ter um AVC e, a
partir deste momento, passar a ter uma elevação da pressão arterial, seja por
dor, dificuldade respiratória ou mesmo ansiedade. Em algumas situações é
difícil estabelecer o que veio primeiro, pois ambas agem de forma sinérgica: a
elevada pressão arterial agrava o infarto, que por sua vez, favorece ainda mais
o agravamento do pico hipertensivo. No fim das contas, não importa.
Independentemente da origem do problema, o paciente tem uma emergência hipertensiva
que precisa ser tratada.
Os principais sintomas de uma emergência hipertensiva são:
•Dor no peito.
•Intensa falta de ar.
•Alterações do estado mental.
•Crise convulsiva.
•Alterações visuais, como visão borrada.
A emergência hipertensiva era antigamente chamada de
hipertensão maligna, pois, como não havia tratamento adequado, a sua
mortalidade em curto prazo era elevadíssima. Antes da década de 1950, mais de
80% dos pacientes com emergência hipertensiva morriam dentro do prazo de um
ano. Atualmente, o termo hipertensão maligna tem caído em desuso. Porém, alguns
autores ainda usam este termo para descrever uma forma de emergência
hipertensiva que acomete especificamente olhos e rins de forma aguda. Com os
tratamentos modernos, a taxa de mortalidade aguda da emergência hipertensiva
caiu consideravelmente. Hoje em dia, após um ano da crise, mais de 90% dos
pacientes ainda encontra-se vivos.
Pacientes com emergência hipertensiva devem ser
hospitalizados e tratados imediatamente. O objetivo nestes casos é controlar a
pressão arterial de forma rápida, em questão de horas. A única exceção são os
casos de AVC, pois a redução abrupta da pressão arterial pode agravar a
isquemia cerebral. Na maioria dos casos, os pacientes com emergência
hipertensiva precisam de medicamentos por via venosa para um melhor controle da
pressão arterial. Fonte: MD Saude
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