Por que será que algumas pessoas têm uma habilidade excepcional de colocar no outro a responsabilidade por erros que cometeram? E, nem sempre, fazem isso pretensiosamente… Muitas vezes, o fazem apenas por hábito ou displicência.
Culpamos o passado por nosso presente, os pais por nossos hábitos, os professores por nossa ignorância. O cigarro pelo câncer, os negros pelo preconceito, os brancos pelo preconceito, os ricos, os pobres, os políticos, a democracia… enfim, o ser humano vive culpando os outros pelos seus infortúnios…
Isto acontece desde sempre. O Antigo Testamento conta que existia um ritual chamado “cordeiro expiatório”. Quando não havia mais solução para os problemas do povo, um cordeiro saudável era sacrificado sob a leitura de uma lista enorme de dificuldades e problemas do povo. Assim, toda a carga dos erros era transferida para o cordeiro que assumia a culpa de tudo e, ao ser executado, expiava o povo de tudo quanto fosse dificuldade ou negligência.
Hoje temos o nosso próprio ritual, cujo nome é “bode expiatório”. Precisamos mudar esse padrão. Não precisamos passar a vida nos justificando quando erramos. Precisamos assumir que, por alguma razão (desespero, despreparo, ignorância…) fizemos algo que gostaríamos de não ter feito…
Existe um exercício bem interessante para “medir” o quanto você erra e o quanto desses erros você realmente assume.
Diariamente, durante três dias apenas (só para experimentar), escreva quais erros você cometeu. Sejam de gravidade mínima ou máxima (este parecer é exclusivamente seu). Coloque um sinal verde ao lado dos que você assumiu e um vermelho ao lado dos que você atribuiu a algum bode expiatório. Ao final deste prazo, talvez você tenha uma surpresa ao perceber com que facilidade responsabilizamos os outros pelos nossos atos.
Temos total capacidade de reverter este hábito tão pernicioso para nós mesmos. Basta termos ciência de que não há possibilidade de mudar o passado. Precisamos assumir a responsabilidade pelo que foi feito e viver no presente acreditando que os erros que cometemos nada mais são do que um auxílio inestimável ao aprendizado.
Afinal, nós inventamos a culpa… então é hora de “desinventar” e assumirmos que somos seres completos, passíveis de erros e acertos… e que o sublime da vida é prosseguir com a bagagem leve, porém, sábia.
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