Embora a causa exata do Transtorno Obsessivo-Compulsivo ainda
esteja em pesquisa, os cientistas acreditam que haja mudanças no funcionando
das vias do cérebro que estão envolvidas no julgamento, no planejamento e nos
movimentos corporais. Influências ambientais, como relações familiares, ou
acontecimentos estressantes também parecem ter significância.
O Transtorno
Obsessivo-Compulsivo afeta aproximadamente 2% a 3% das pessoas no mundo
inteiro. Quase 70% das pessoas com Transtorno Obsessivo-Compulsivo têm os primeiros
sintomas antes dos 25 anos de idade, embora só 15% delas desenvolvam sintomas
depois dos 35 anos de idade. Há evidências que a doença tenha uma base
genética, pois aproximadamente 35% das pessoas com Transtorno
Obsessivo-Compulsivo têm um parente próximo com este problema. Embora 50% a 70%
dos pacientes desenvolvam o Transtorno Obsessivo-Compulsivo depois de um evento
estressante da vida — como uma gravidez, uma perda de emprego ou uma morte na
família - os pesquisadores ainda não entendem exatamente como ou por que o
stress parece ativar os sintomas desta doença.
Às vezes, pessoas com Transtorno Obsessivo-Compulsivo conseguem viver com suas
obsessões sem dar qualquer sinal que elas estão sofrendo. Porém, normalmente
elas tentarão aliviar suas obsessões desenvolvendo algum tipo de compulsão: um
“ritual” persistente: repetitivo que tem por objetivo acalmar seus medos.
Por
exemplo, uma mulher que tem uma obsessão por achar que sua casa está suja e
desorganizada, poderá limpá-la e organiz´´a-la a cada 30 minutos. Um homem que
anseia que a porta de seu carro não está fechada corretamente, poderá conferir
e até forçar a fechadura 10 ou 20 vezes a cada vez que desce do veículo. Embora
também seja possível que uma pessoa com Transtorno Obsessivo-Compulsivo execute
atos compulsivos que não são ativados por obsessões, isto não é muito comum.
Quadro Clínico
Os
dois principais sintomas do Transtorno Obsessivo-Compulsivo são as obsessões e
os “rituais” compulsivos. As Obsessões são pensamentos persistentes,
repetitivos, que provocam ansiedade e que interferem na vida cotidiana e que
causam sentimentos de angústia e também irrritação para com as outras pessoas.
Embora as obsessões possam variar de pessoa para pessoa, elas freqüentemente se
concentram em um ou mais dos seguintes itens:
Medo de contaminação
— Uma pessoa com Transtorno Obsessivo-Compulsivo pode preocupar-se
constantemente que tem as mãos ou roupas sujas, ou terem medo de pegar ou de
esparramar germes. Em alguns casos, este medo de contaminação se estende também
à atividade sexual. A pessoa pode achar que o sexo é sujo, até mesmo entre o
marido e sua esposa.
Medos relacionados a acidentes ou atos de violência — Uma pessoa com Transtorno Obsessivo-Compulsivo pode ter pensamentos obsessivos relacionados a medos de se tornar vítima de violência ou sofrer algum tipo de lesão corporal. Por exemplo, ela constantemente pode preocupar-se que a porta da frente não está fechada, que o forno não foi desligado, ou que o cigarro não foi completamente apagado.
Medo de cometer um ato
de violência ou de ter um comportamento sexual
impróprio — Uma pessoa com
Transtorno Obsessivo-Compulsivo pode ter medo de perder o controle e prejudicar
os outros, ou de cometer algum tipo de ato sexual prejudicial ou embaraçoso.
Por exemplo, uma mãe amorosa com Transtorno Obsessivo-Compulsivo pode sofrer de
pensamentos obsessivos quanto a sufocar seu filho, ou um homem de negócios
respeitável pode ter medo de tirar, de repente, suas roupas no meio de uma
reunião importante.
Medo de perder a organização ou a
simetria — Alguém com Transtorno Obsessivo-Compulsivo pode ter
uma necessidade obsessiva de ter ordem e precisão, e pode sentir-se muito
ansioso se até mesmo o menor detalhe do seu mundo esteja fora do lugar. Por
exemplo, a pessoa pode ficar transtornada se seus sapatos não estiverem
corretamente "alinhados" no lugar de costume, ou se a comida
não estiver "organizada corretamente" no prato de jantar.
Normalmente, um adulto com Transtorno Obsessivo-Compulsivo reconhecerá que
estes pensamentos obsessivos vêm de sua própria mente e tentará ignorá-los,
suprimi-los ou irá obter alívio desses pensamentos executando um “ritual”
compulsivo.
Rituais compulsivos são comportamentos persistentes, excessivos, repetitivos
que visam reduzir o medo e a ansiedade ativados por um pensamento obsessivo.
Por exemplo:
• Lavar as mãos ou tomar
banho repetidamente;
• Recusar apertar mãos ou
tocar a maçaneta das portas;
• Conferir repetidamente
as fechaduras ou o interruptor dos fogões;
• Compulsivamente contar
postes na rua;
• Organizar
compulsivamente meias ou roupas nas gavetas;
• Comer certos tipos de
comida em uma ordem específica;
• Compulsivamente repetir
uma palavra específica ou uma oração.
Ocasionalmente, quase todo mundo se sente compelido a re-checar uma porta
fechada, ou ter certeza que suas mãos estão limpas. Estes pensamentos isolados
não são sintomas de
Transtorno Obsessivo-Compulsivo. As obsessões e compulsões
do Transtorno Obsessivo-Compulsivo são excessivas e angustiantes. Elas
interferem com a vida cotidiana normal, porque consomem tanto tempo,
desperdiçando às vezes várias horas do dia da pessoa.
Elas podem interferir com
as relações sociais, como também afetar o desempenho no trabalho ou na escola.
Algumas compulsões podem causar até mesmo danos físicos. Por exemplo, lavar
compulsivamente as mãos pode deixar as mãos rachadas e causar dermatites.
Diagnóstico
Muitas pessoas com Transtorno Obsessivo-Compulsivo consultam o clínico
geral primeiro quando a compulsão começa a afetar sua saúde ou sua vida cotidiana.
Por exemplo, um adulto com compulsão para lavar as mãos pode visitar o
dermatologista por causa das rachaduras e sangramento nos dedos; ou um pai pode
consultar o pediatra quando sua filha com Transtorno Obsessivo-Compulsivo
começa a tomar banho quatro ou cinco vezes ao dia. O humor deprimido é muito
comum no Transtorno Obsessivo-Compulsivo.
Na realidade, a pessoa pode falar
principalmente sobre sentir-se deprimido, porque os sintomas do Transtorno
Obsessivo-Compulsivo o envergonha e é mais difícil de discutir.
Se o médico suspeita de que o problema seja uma doença psiquiátrica, ele revisará a história clínica e pedirá ao paciente que descreva suas atuais ansiedades e tensões recentes. O médico poderá então encaminhar ao psiquiatra para tratamento. O psiquiatra diagnosticará o Transtorno Obsessivo-Compulsivo baseado em uma avaliação que deveria incluir:
• Fazer perguntas sobre
os pensamentos obsessivos e os comportamentos compulsivos
• Avaliar o nível de
angústia psicológica da pessoa
• Determinar o impacto das obsessões e compulsões
na vida e nas relações cotidianas Descartar se os sintomas não são de outras
formas de doença psiquiátrica.
Tratamento
O Transtorno Obsessivo-Compulsivo normalmente é tratado com uma combinação
de psicoterapia e medicamentos.
Qual médico procurar?
Como os sintomas do Transtorno Obsessivo-Compulsivo raramente desapareçam
sem tratamento, deve-se marcar uma consulta com o psiquiatra sempre que
pensamentos obsessivos ou compulsões causam angústia significativa ou chegam a
incomodar, interferindo com a capacidade da pessoa de ter uma vida normal em
casa ou no trabalho; ou que esteja causando alguma lesão.
Em geral, o tratamento concomitante com psicoterapia é bem aconselhável.
Prognóstico
Como o transtorno obsessivo compulsivo é uma doença crônica, é importante
fazer o acompanhamento psiquiátrico constante. Muitas vezes, durante o
tratamento psiquiátrico e psicológico, o paciente tem uma “melhora” e deixa o
tratamento, podendo assim regredir para o estado anterior.
Geralmente, os resultados após um período curto de tratamento, são bem
eficazes.
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