A cada ano, cerca de um milhão de brasileiros e 2,5 milhões
de americanos procuram os consultórios de ortopedistas queixando-se de dores no
calcanhar.
A maior parte desses pacientes apresenta um problema chamado
fasceíte plantar, ou fascite plantar, uma inflamação no tecido que recobre os
músculos da sola do pé, comumente chamada de esporão.
Para entender a origem do esporão de calcanhar é importante lembrar que a planta do pé é composta por estruturas elásticas (músculo) e rígidas (fáscia), que potencializam a força dos músculos flexores curtos dos dedos e funcionam como um braço de alavanca.
Na prática, essas estruturas aumentam a eficiência do impulso, que é acionado quando o calcanhar se distancia do solo.
"As pessoas mais suscetíveis ao problema são mulheres
com idade entre 40 e 50 anos, praticantes de esportes como caminhada, corridas e
maratonas".
Um estresse excessivo nesta região provoca um estiramento da
fáscia, originando fissuras e inflamação. Entre as principais causas estão a
retração do tendão calcâneo conhecido popularmente como tendão de Aquiles e pés
com a curvatura acentuada, rígidos, pouco flexíveis ou pronados.
Há, ainda, incidência significativa de casos entre as que trabalham
em pé por longos períodos ou que sofrem com sobrepeso. O tratamento é
principalmente clínico, realizado por meio de exercícios de alongamento do
tendão de Aquiles e da fascia plantar.
Estudos revelam que 80% dos portadores de esporão de calcanhar
melhoram após seis a oito semanas de tratamento.
Além da fisioterapia, medicamentos para amenizar as dores e
conter a inflamação podem ser benéficos.
Ao persistir a doença, especialistas recomendam a terapia de
ondas de choque extracopórea. Os tratamentos cirúrgicos costumam ser raros,
cabendo a casos muito específicos.
Tratamento
O tratamento conservador é o de escolha, com gelo,
exercícios de alongamento para a panturrilha, fáscia plantar, tibial posterior
e fibulares, associados ao repouso relativo, uso de antiinflamatórios não
hormonais e órteses (calcanheiras), que auxiliam no tratamento inicial.
Nos casos mais resistentes, a fisioterapia é indicada, assim
como o uso noturno de órteses anti-eqüino, palmilhas para correção e alterações
posturais, sendo recomendando, eventualmente, períodos de imobilização.
A infiltração de corticoesteróides no local da dor pode ser
indicada nos casos resistentes ao tratamento conservador e deve ser feita com
reservas, pois pode levar à atrofia do coxim plantar ou mesmo rotura da fáscia
plantar.
Revisões sistemáticas avaliam a eficiência da terapia por
ondas de choque no tratamento das fasciítes plantares, porém não há evidência
conclusiva da efi ciência desse método para a redução da dor, mas,
aparentemente, há melhora dos sintomas num período de 12 meses iniciais após o
tratamento.
Na falha do tratamento conservador, é mandatória uma
adequada avaliação para se afastar outros diagnósticos, principalmente as
doenças sistêmicas inflamatórias.
Após isso, pode ser indicado o tratamento cirúrgico com
liberação da fáscia plantar, com o cuidado de se liberar também as possíveis
compressões nervosas associadas à síndrome, no caso, o nervo para o músculo
abdutor do quinto dedo do pé, ramo do nervo plantar lateral. Esse procedimento
pode ser feito de forma convencional ou por meio de escopia e o tratamento
cirúrgico tem período longo de recuperação, sendo que, freqüentemente, existe
dor residual, por vezes incapacitante.
Nenhum comentário:
Postar um comentário