Dor, ardência e urgência para
urinar, incômodo no baixo ventre e, em alguns casos, sangue na urina.
Você até pode não ter se deparado
com esses sintomas, mas certamente tem uma amiga que já enfrentou uma infecção
urinária.
Não resta dúvida, as mulheres são
mais suscetíveis a essa doença: para cada homem, existem 20 mulheres com esse
tipo de infecção.
Saiba por quê
Na maioria dos casos (cerca de
95%) é provocada por uma bactéria chamada Escherichia coli, presente normalmente
na flora intestinal e, consequentemente, ao redor do ânus e no períneo (área
entre o ânus e a vagina). No intestino, essa bactéria é inofensiva, mas quando
ela invade as vias urinárias a coisa complica.
Aí é que entra a fragilidade da
anatomia feminina. A vagina fica a pouquíssimos centímetros do ânus. A uretra,
canal que leva o xixi da bexiga até a vagina, é curtinha, quando comparada com
a dos rapazes. A nossa mede de 3 a 4 centímetros, enquanto a deles tem mais de
10 centímetros. Com essa configuração, a bactéria que está no períneo chega
mais facilmente na uretra, porta de entrada para a infecção. Da uretra para a
bexiga, onde a doença começa, é um pulo!
Uma Cistite, também chamada de
infecção urinária baixa, mal tratada pode evoluir para uma pielonefrite, ou
infecção urinária alta, caso muito mais grave porque ataca o rim, órgão vital
do corpo, causando febre e dor lombar, entre outros sintomas. Nesse caso, a
internação hospitalar é necessária.
Contaminação
A cistite não é transmissível, ou
seja, você não pega de outra pessoa. Como ela é provocada por uma bactéria que
existe normalmente na flora intestinal, alguns fatores podem colaborar para a
infecção. “Uma flora vaginal saudável, com pH ácido, ajuda a proteger a região.
Se existe algum desequilíbrio nas bactérias protetoras da vagina, você fica
mais suscetível à doença”, explica Fernando Almeida, professor de urologia da
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
E sabe o que pode alterar a sua
flora? Uso de espermicidas, ejaculação do parceiro, sucos muito ácidos (como de
laranja, limão e abacaxi) e diminuição de estrogênio (o que normalmente
acontece na menopausa).
Tratamento
É preciso procurar um médico e
realizar um exame de urina para verificar qual é a bactéria responsável pelo
problema. Uma vez medicada, os sintomas, tão desagradáveis, desaparecem em
cerca de dois dias. Mas é preciso continuar tomando o antibiótico de acordo com
a prescrição do médico, mesmo se não tiver mais nenhum sintoma.
Cuidados
* Tomar bastante líquido reduz o
risco de contaminação, pois a água “lava” o sistema urinário - “Quanto mais
vezes você enche e esvazia a bexiga, menor a probabilidade de a bactéria se
instalar”, diz Edilson Ogeda, ginecologista do Hospital Samaritano de São
Paulo.
* Fazer xixi depois do ato sexual
- “Se durante a atividade alguma bactéria do períneo se aproximou da uretra, um
jato forte de urina ajuda a eliminar a invasora”, explica o ginecologista.
Recaídas
Não é porque você curou a doença
que ela nunca mais vai voltar. Pela anatomia feminina, como falamos no início
da reportagem, o risco de contaminação sempre existe. Das mulheres que tiveram
cistite uma vez, 25% voltam a se contaminar.
Outra hipótese, mais comum, é que
as vítimas constantes da cistite têm um tipo de mucosa, tanto da vagina como da
uretra, que favorece a aderência da bactéria e com isso a contaminação. Aqui, a
fragilidade é hereditária e, certamente, há outras pessoas na família com o
mesmo problema. Se for o seu caso, vale consultar um médico que pode sugerir
alguns tratamentos para evitar as repetições. Se uma cistite incomoda bastante,
várias ao ano atrapalham muito mais.
Esclarecendo dúvidas
“A doença não está relacionada
com falta de higiene. Isso é um mito que precisa acabar”, diz Fernando Almeida.
Porém, depois de fazer xixi, é recomendado secar a vagina de frente para trás.
No sentido inverso, você pode trazer bactérias do períneo para a vagina.
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