
"Com os devidos cuidados, a pessoa com diabetes pode fazer tudo o que uma pessoa saudável é capaz de fazer, inclusive exercícios físicos", explica o endocrinologista Sérgio Vêncio, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
A atividade física faz parte do tratamento não
farmacológico, aquele que vai além dos remédios. "O exercício auxilia no
ajuste do controle glicêmico e reduz a dose necessária de insulina e
medicamentos orais, além de diminuir o percentual de gordura e aumentar a massa
magra", conta a educadora física
Luciana Mendonça Arantes, do Centro
Avançado de Recuperação e Estética Rio Claro (CARE). Aproveite o dia Mundial do
Diabetes (14 de novembro) para calçar o tênis e correr para a academia, mas com
todos os cuidados necessários. Nós te contamos quais são.
Auxílio profissional
Consultar um médico antes de iniciar uma atividade física é
um cuidado obrigatório para qualquer pessoa. Para o paciente de diabetes, vale
o mesmo. O endocrinologista Sérgio Vêncio conta que o aval médico é ainda mais
importante para quem tem risco para doença cardiovascular ou mais de 40 anos. A
atividade física deve ser preferencialmente supervisionada por educador físico
ou fisioterapeuta, pois são profissionais aptos a definir intensidade, duração
e o tipo de exercício físico, tornando-o mais eficiente e seguro. Mas o
especialista recomenda: "Nos casos em que não for viável o acompanhamento
desses profissionais, a atividade física não deve ser evitada, mas realizada de
acordo com a recomendação médica".
Tempo e frequência
Nada de passar horas na academia, segundo a educadora física
Luciana Mendonça, 60 minutos de exercícios físico diários, com frequência de no
mínimo três vezes por semana, são comprovadamente suficientes para melhorar os
níveis de glicose no sangue do paciente. Mas se você gosta de malhar, não
existem limitações. O portador de diabetes - devidamente controlado - pode
praticar exercícios durante o mesmo tempo, frequência e intensidade que
qualquer outra pessoa.
Para controlar a glicemia
A endocrinologista Vivian Estefan, do Complexo Hospitalar
Edmundo Vasconcelos, conta que a redução dos índices de glicemia é um dos
efeitos mais significativos da atividade física no diabetes. A glicose é fonte
predominante de energia nos 30 primeiros minutos de exercício. Assim, a
atividade física tem função parecida com a insulina quanto à utilização de
glicose pela célula.
A realização de exercícios físicos estimula a secreção de
alguns hormônios, como o cortisol e o GH (hormônio do crescimento). Em
consequência, o fígado produz glicose, o que pode aumentar a glicemia. Por
outro lado, o exercício aumenta a sensibilidade dos tecidos corporais à
insulina? fazendo com que o corpo metabolize a glicose com mais facilidade. O
corpo age como uma balança frente ao exercício: alguns processos físicos
aumentam a glicemia, enquanto outros diminuem.
Se antes do exercício a glicemia estiver elevada (maior que
250mg/dl), o exercício está contraindicado, já que pode causar um pico
glicêmico. Caso ela esteja inferior a 150mg/dl, a atividade pode ser realizada
naturalmente, ajudando até a diminuir esses valores. Caso a glicemia esteja
abaixo dos valores considerados normais (de 70 a 140mg/dl, aproximadamente), a
atividade pode gerar hipoglicemia e, por isso, deve ser evitada.
Ajuste da insulina
A endocrinologista Vivian Estefan conta que a insulina e as
medicações que diminuem a glicemia têm sua ação intensificada pelo aumento do
metabolismo que ocorre durante o exercício físico. "Por isso, recomendamos
que, sob orientação médica, a dose da medicação tomada seja menor no dia da
realização da atividade física". Este mecanismo é um dos responsáveis por
hipoglicemias induzidas pelo exercício.
O paciente deve fazer a monitorização frequente
da glicemia até entender como o seu corpo se comporta antes, durante e a após a
atividade física, fazendo a suplementação quando necessário.
Alimentação
O endocrinologista Sérgio indica a ingestão de uma pequena
quantidade de carboidrato - como uma fatia de pão integral ou uma barrinha de
cereais - antes da atividade física. Esse nutriente é precursor da glicose e é
liberado lentamente no organismo, o que evita a queda brusca da glicemia. Após
a prática de exercícios, também é importante consumir carboidratos para repor
as energias gastas.
Exercícios aeróbicos, como a caminhada, são muito
importantes para quem tem diabetes, mas estudos recentes mostram que a
musculação também pode ser muito vantajosa para quem convive com a doença.
"Isso porque as contrações musculares repetidas estimulam componentes da
membrana celular", afirma o fisiologista Raul Santo, da Universidade
Federal de São Paulo (Unifesp). Isso faz com que as proteínas celulares
carreguem mais facilmente a glicose para dentro da célula. Além de controlar o
nível de açúcar no sangue, o exercício pode, a longo prazo, diminuir a
dependência da suplementação de insulina
Cuidado com os pés
O endocrinologista Sérgio conta que o paciente de diabetes
pode apresentar uma complicação chamada neuropatia, que causa a diminuição da
sensibilidade, principalmente em extremidades, como os pés. Essa complicação
pode gerar um dos transtornos mais conhecidos do diabetes: o pé diabético. O
paciente pode se machucar e não perceber, o que - associado à circulação
sanguínea deficitária - pode levar, em casos graves, até à amputação. Mas
evitar o problema é simples: use meias e calçados adequados e confortáveis,
principalmente durante a atividade física, e olhe bem seus pés diariamente -
assim qualquer lesão pode ser identificada e tratada logo no começo.
Diabetes tipo 1
"Os cuidados para o portador de diabetes tipo 1 -
doença de caráter genético e não adquirido - são os mesmos indicados para quem
tem diabetes tipo 2, com uma única diferença: esse indivíduo necessariamente
utiliza insulina, o que pode aumentar ainda mais as chances de
hipoglicemia", explica Sérgio Vêncio. "Vale redobrar a atenção nesses
casos e fazer as medições antes de qualquer prática".
Fonte: minhavida
Fonte: minhavida
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